segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cidasde com acessibilidade def visual


Calçadas e Acessibilidades


O artigo 5º da Constituição Federal estabelece o que se convencionou a chamar de direito de ir e vir de todos os cidadãos brasileiros. Ou seja, qualquer pessoa, livre ou não de deficiência ou mobilidade reduzida, deve ter o direito de poder chegar facilmente a qualquer lugar. A liberdade a que me refiro neste caso, é aquela que possibilitaria com que caminhássemos pelos passeios públicos sem nos deparar com desníveis, buracos, inexistência de ligação entre ruas e calçadas, rampas fora dos padrões, lixeiras, pontos de ônibus, bancas de jornais, bueiros destampados, ambulantes e pisos escorregadios.
 Utopia ou não, o fato é que esses casos são ainda muito comuns nas mais diferentes cidades do Brasil. Nos países desenvolvidos a legislação de trânsito prioriza o pedestre facilitando sua travessia e forçando a redução da velocidade dos carros. No Brasil ocorre o contrário. O privilégio concedido aos automóveis chega a criar barreiras intransponíveis para quem está a pé.
 Da mesma forma, nossos passeios públicos deveriam facilitar a circulação dos pedestres e possibilitar com que as pessoas com deficiência e seus familiares encontrassem menos ou nenhuma dificuldade para chegar até atendimentos de saúde, cinemas, igrejas, estabelecimentos comerciais, parques públicos, shows artísticos. Locais comuns e que devem ser frequentados por qualquer pessoa, mesmo aquelas sem condições ou com dificuldades de locomoção. Os passeios sem qualidade e os locais inacessíveis inibem a circulação dessas pessoas, levando-as ao isolamento, forçando-as a se concentrarem em espaços fechados e impedindo-as de sociabilizarem-se.
 As calçadas são os ambientes mais democráticos que existem, já que impulsionam as atividades econômicas. Por meio delas chegamos ao trabalho, ao comércio, aos clubes, aos shoppings. A grande questão é que esses espaços, conforme determinam as leis, são de responsabilidade do proprietário do imóvel e talvez por isso nos deparamos com as mais diferentes situações: pisos inadequados, degraus, raízes de árvores, enfim, passeios deteriorados e, o mais grave, inacessíveis.
 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, apontam que mais de 14% dos brasileiros convivem com algum tipo de deficiência definitiva. Esse dado pode aumentar significativamente, se incluirmos aí os idosos, os obesos ou os deficientes temporários, como aqueles que estão com algum membro imobilizado, assim como os milhares que se acidentam diariamente no trânsito de nossas cidades. Um estudo do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que idosos e mulheres com sapato de salto alto são as duas vítimas mais comuns de acidades nas calçadas.
 Os Ministérios Públicos e uma parcela significativa das prefeituras municipais têm feito cumprir as legislações que prevêem que prédios de uso público e coletivo possibilitem acesso a todas as pessoas. Mas, de que adianta ter, por exemplo, um banco com rampas e elevadores acessíveis, se as calçadas, que são a principal forma de acesso a esses locais e aos meios de transportes, são inacessíveis?
 A calçada acessível deve atender aos critérios contidos na NBR 9050/2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Creas), instituições que fiscalizam o exercício ilegal dessas profissões, há vários anos têm executado ações fiscalizatórias em parceria com os Ministérios Públicos Estaduais. Essas iniciativas, inclusive culminaram em ações práticas direcionadas a toda a população, como o Guia Prático para a Construção de Calçadas, elaborado pelo Crea de Mato Grosso do Sul, com o apoio de instituições públicas e privadas. De forma prática e, gratuitamente, o guia chega a todas as classes sociais levando informações atualizadas sobre legislações, pisos adequados, rebaixamento de guias, instalação de mobiliários urbanos e até mesmo as espécies de árvores ideais para esse fim.
 Enquanto nos couber a obrigatoriedade de construir e reformar nossas calçadas ou enquanto os poderes públicos não colaborarem executando os passeios, assim como se faz com a pavimentação asfáltica, não cometeremos erros alegando ignorância, já que temos à mão mecanismos gratuitos para que respeitemos nosso semelhante.
 A questão merece realmente muita atenção. Falamos das cidades que deixaremos para as próximas gerações. As soluções já nos bateram à porta. A construção de ambientes acessíveis deve ser cadeira obrigatória nos cursos de engenharia e arquitetura.
 Os órgãos públicos devem fazer cumprir a legislação e, principalmente, os engenheiros e arquitetos são os responsáveis pelos ambientes construídos. Muito nos cabe e já é chegada a hora de se caminhar olhando para o horizonte e não para baixo, desviando dos obstáculos do caminho.
O artigo 5º da Constituição Federal estabelece o que se convencionou a chamar de direito de ir e vir de todos os cidadãos brasileiros. Ou seja, qualquer pessoa, livre ou não de deficiência ou mobilidade reduzida, deve ter o direito de poder chegar facilmente a qualquer lugar. A liberdade a que me refiro neste caso, é aquela que possibilitaria com que caminhássemos pelos passeios públicos sem nos deparar com desníveis, buracos, inexistência de ligação entre ruas e calçadas, rampas fora dos padrões, lixeiras, pontos de ônibus, bancas de jornais, bueiros destampados, ambulantes e pisos escorregadios.
 Utopia ou não, o fato é que esses casos são ainda muito comuns nas mais diferentes cidades do Brasil. Nos países desenvolvidos a legislação de trânsito prioriza o pedestre facilitando sua travessia e forçando a redução da velocidade dos carros. No Brasil ocorre o contrário. O privilégio concedido aos automóveis chega a criar barreiras intransponíveis para quem está a pé.
 Da mesma forma, nossos passeios públicos deveriam facilitar a circulação dos pedestres e possibilitar com que as pessoas com deficiência e seus familiares encontrassem menos ou nenhuma dificuldade para chegar até atendimentos de saúde, cinemas, igrejas, estabelecimentos comerciais, parques públicos, shows artísticos. Locais comuns e que devem ser frequentados por qualquer pessoa, mesmo aquelas sem condições ou com dificuldades de locomoção. Os passeios sem qualidade e os locais inacessíveis inibem a circulação dessas pessoas, levando-as ao isolamento, forçando-as a se concentrarem em espaços fechados e impedindo-as de sociabilizarem-se.
 As calçadas são os ambientes mais democráticos que existem, já que impulsionam as atividades econômicas. Por meio delas chegamos ao trabalho, ao comércio, aos clubes, aos shoppings. A grande questão é que esses espaços, conforme determinam as leis, são de responsabilidade do proprietário do imóvel e talvez por isso nos deparamos com as mais diferentes situações: pisos inadequados, degraus, raízes de árvores, enfim, passeios deteriorados e, o mais grave, inacessíveis.
 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, apontam que mais de 14% dos brasileiros convivem com algum tipo de deficiência definitiva. Esse dado pode aumentar significativamente, se incluirmos aí os idosos, os obesos ou os deficientes temporários, como aqueles que estão com algum membro imobilizado, assim como os milhares que se acidentam diariamente no trânsito de nossas cidades. Um estudo do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que idosos e mulheres com sapato de salto alto são as duas vítimas mais comuns de acidades nas calçadas.
 Os Ministérios Públicos e uma parcela significativa das prefeituras municipais têm feito cumprir as legislações que prevêem que prédios de uso público e coletivo possibilitem acesso a todas as pessoas. Mas, de que adianta ter, por exemplo, um banco com rampas e elevadores acessíveis, se as calçadas, que são a principal forma de acesso a esses locais e aos meios de transportes, são inacessíveis?
 A calçada acessível deve atender aos critérios contidos na NBR 9050/2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Creas), instituições que fiscalizam o exercício ilegal dessas profissões, há vários anos têm executado ações fiscalizatórias em parceria com os Ministérios Públicos Estaduais. Essas iniciativas, inclusive culminaram em ações práticas direcionadas a toda a população, como o Guia Prático para a Construção de Calçadas, elaborado pelo Crea de Mato Grosso do Sul, com o apoio de instituições públicas e privadas. De forma prática e, gratuitamente, o guia chega a todas as classes sociais levando informações atualizadas sobre legislações, pisos adequados, rebaixamento de guias, instalação de mobiliários urbanos e até mesmo as espécies de árvores ideais para esse fim.
 Enquanto nos couber a obrigatoriedade de construir e reformar nossas calçadas ou enquanto os poderes públicos não colaborarem executando os passeios, assim como se faz com a pavimentação asfáltica, não cometeremos erros alegando ignorância, já que temos à mão mecanismos gratuitos para que respeitemos nosso semelhante.
 A questão merece realmente muita atenção. Falamos das cidades que deixaremos para as próximas gerações. As soluções já nos bateram à porta. A construção de ambientes acessíveis deve ser cadeira obrigatória nos cursos de engenharia e arquitetura.
 Os órgãos públicos devem fazer cumprir a legislação e, principalmente, os engenheiros e arquitetos são os responsáveis pelos ambientes construídos. Muito nos cabe e já é chegada a hora de se caminhar olhando para o horizonte e não para baixo, desviando dos obstáculos do caminho.  atribui  aos entes federados, de maneira expressa, a competência quanto à conservação do patrimônio público, in litteris:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
Nesse quadrante, constata-se que lei municipal que disponha ser do particular a obrigação quanto à construção e manutenção de calçadas que porventura sejam contíguas aos seus imóveis, como é o caso da legislação do Município de Natal, padece de inarredável inconstitucionalidade, uma vez que a Constituição Federal de 1988 é expressa ao atribuir a competência do ente público, em cada uma das esferas federativas, para conservar o patrimônio público respectivo.
Resta claro, portanto, que normas com esse conteúdo, por serem materialmente inconstitucionais, precisam ser afastadas do ordenamento jurídico, para que se possa exigir do Poder Público municipal, titular legítimo das obrigações pertinentes aos bens públicos municipais, a obrigação de construir e manter as calçadas urbanas de sua alçada
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme analisado no decorrer deste artigo, as calçadas figuram como bens públicos municipais e, sob essa perspectiva, mostra-se patente a inconstitucionalidade das leis que imputam a responsabilidade precípua pela sua feitura, manutenção e adaptação aos particulares proprietários de imóveis urbanos.
Ressalte-se, ainda, que a atribuição de obrigações aos cidadãos quanto às calçadas que se situam em frente aos seus imóveis, além de ter como consequência jurídica uma afronta à Constituição, tem, como resultado prático, a absoluta ausência de padronização legal dessa parte da via pública, circunstância que inviabiliza a concretização da acessibilidade plena nas cidades. Repise-se, no ponto, que a ausência de acessibilidade acarreta, ainda, outra ofensa à Constituição, uma vez que impede o exercício da liberdade individual de ir e vir das pessoas com deficiência ou com dificuldade locomoção.
Constata-se, portanto, que os Municípios precisam ser formalmente incumbidos da responsabilidade pelas suas calçadas urbanas, de modo a se permitir que a sociedade e os órgãos de defesa dos interesses coletivos possam deles exigir tanto a construção das calçadas, quanto a sua manutenção e adaptação para fins de acessibilidade.
Falta acessibilidade na maior cidade do Norte Araguaia
 
Embora a Lei que garante o acesso a pessoas com deficiência já tenha mais de 10 anos ela ainda não é respeita em sua totalidade.  
Um dos maiores direitos garantidos na Constituição Brasileira é o Direito de ir e vir. Este direito pode ser simples para alguns, porém para pessoas como o locutor Gilberto Marco esse direito lhe é cerceado praticamente todos os dias. É que para um cadeirante a vida na maior cidade do Norte Araguaia não é tão simples.
A falta de acessibilidade aos cadeirantes ainda é uma grande deficiência para a própria cidade. Embora a Lei que garante o acesso a pessoas com deficiência já tenha mais de 10 anos ela ainda não é respeita em sua totalidade.
Obstáculos, calçadas desiguais, sofrimento são este os problemas enfrentados diariamente pelo cadeirante Gilberto Marcos para poder trabalhar.
Andar em Confresa já não algo tão fácil, com ruas esburacadas, asfalta em péssimo estado de conservação e calçadas desniveladas, agora imagine todos estes obstáculos para uma pessoa limitada à cadeira de rodas.
Com quase nem tipo de acessibilidade, os deficiente físicos enfrentam diariamente um grande rally.
Nossa equipe acompanhou o percurso feito por Gilberto Marcos, ao longo de 40 minutos de baixo de um sol escaldante e com uma temperatura acima dos 34 C, o cinegrafista Tiago Nalevaiko e repórter Uasley Werneck percorrem 1 km junto com o locutor de sua casa ao seu trabalho e registram uma cidade praticamente sem acessibilidade.
Em alguns pontos como na avenida centro Oeste nas faixas de pedestre é impossível atravessar uma vez que na calçada não há acessibilidade.
“Neste ponto aqui em frente ao banco do Brasil é impossível travessar, a calçada é muito alta, muita das vezes os motoristas não param para a gente poder passar” disse o locutor Gilberto Marcos ao Agência da Notícia.
Mais para frente outro obstáculos, ao subir na calçada o nível e praticamente o mesmo do asfalto 5 metros depois, como descer com altura da rua de 20 cm.
Após 40 minutos chegamos ao trabalho de Gilberto, onde segundo ele são compensadas todas as lutas do dia a dia para ter o seu encontro diário com o seu público através das ondas do rádio.
A Acessibilidade é tonar o mundo acessível, fazer com que todos possam ir e vim com segurança e autonomia, é o direito de usar espaços que a cidade oferece independente da capacidade de cada um.
A lei (10.098/2000) é clara ao estabelecer normas gerais e critérios básicos para garantir a acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mais isso na pratica parece não acontece

MP cobra acessibilidade nos estabelecimentos comerciais

MP cobra acessibilidade nos estabelecimentos comerciais
A fim de garantir o cumprimento de direitos e deveres, o Ministério Público (MP) do Ceará está cobrando acessibilidade nos estabelecimentos comerciais, em especial, nos supermercados. A ação faz parte dos trabalhos do Fórum Permanente de Defesa dos Idosos e das Pessoas com Deficiência.
O procurador de Justiça Luiz Eduardo dos Santos afirma que o objetivo é melhorar a acessibilidade em todos os pontos, incluindo atendimento nos caixas, estacionamentos e banheiros. “As pessoas têm que entender que o problema não será resolvido, apenas, com um caixa específico para idosos e deficientes. Todos os caixas devem ser para esse público, porque o objetivo da lei é dar preferência. A pessoa tem o direito de chegar e ser atendido de imediato”.
Luiz Eduardo dos Santos explica que as filas preferenciais acabam ficando com maior número de pessoas do que os outros caixas de atendimento. Essa, segundo ele, é apenas uma das dificuldades enfrentadas nos estabelecimentos comerciais. Outros pontos são a falta de banheiros adaptados e de vagas para deficientes e idosos.
COMPROMISSO
Para discutir o tema, o MP realizou, neste mês, audiência pública com a participação de representantes de sindicatos dos idosos e dos deficientes e dos supermercados. A partir do debate, os estabelecimentos comprometeram-se a resolver os problemas.
O presidente da Associação Cearense de Supermercados, Aníbal Feijó, garantiu que os idosos vão notar uma grande diferença no setor. “Vamos trabalhar para melhorar o acesso e o atendimento.
Também vamos colocar cartazes pedindo a compreensão daqueles que não são idosos para que não fiquem na fila de quem tem mais de 65 anos. Além disso, faixas serão disponibilizadas nos estacionamentos. São coisas que podemos fazer de imediato”.
Ele disse que em todo o Estado existem, aproximadamente, duas mil lojas e que o trabalho de acessibilidade será feito em todas as unidades.
LEGISLATIVO MUNICIPAL
O vereador Eron Moreira (PV) explicou que a Câmara Municipal de Fortaleza está discutindo a volta do Iplanfor (Instituto de Planejamento de Fortaleza), que vai trabalhar todas as políticas de acessibilidade. “Fiz emenda ao projeto, de iniciativa de Gelson Ferraz”.
Eron Moreira disse que o Brasil é o país das leis, mas não da cidadania. Com relação à acessibilidade, ele considera que Fortaleza deixa muito a desejar.
FÓRUM PERMANENTE DE DEFESA DOS IDOSOS E DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O Fórum, criado em 2006, tem o objetivo de resolver as dificuldades denunciadas e desenvolver políticas públicas. “Ficar atendendo somente as reclamações pessoais não iria resolver, foi preciso fazer um trabalho mais abrangente, que englobasse muitas pessoas de uma só vez. Dessa forma, surgiu a ideia de agregar os idosos para saber realmente quais são os problemas mais graves”, explicou Luiz Eduardo dos Santos.
O procurador de Justiça assegura que o Fórum faz a defesa dos idosos e dos deficientes, mas com a participação deles. “A partir das audiências públicas, a parte reclamada assina o Termo de Ajustamento de Conduta, comprometendo-se a resolver os problemas”.
Sobre acessibilidade, ele informou que o Fórum já desenvolveu trabalho para o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé de Fortaleza e Câmara Municipal. “Ainda tem o que se fazer, mas houve melhora”.
Todas as ações são feitas com a parceria da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Ceará (Crea/CE). Também existe convênio com a Procuradoria Geral da República no Estado. As audiências públicas ocorrem toda primeira quinta-feira de cada mês, a partir das 15h.
MUDANÇAS NOS SUPERMERCADOS
Eduardo Torres, arquiteto e urbanista, explica algumas mudanças que podem ser implementadas pelos supermercados para melhorar a acessibilidade.
Caixas – Treinar o profissional que irá lidar com as pessoas que têm acesso preferencial, manter largura suficiente para passagem de pessoa em cadeira de rodas e ou com outro equipamento de auxílio à locomoção. Deve-se manter placa visível que indique o caixa preferencial com escrita em alto contraste e letras grandes.
Estacionamentos – Manter as vagas preferenciais mais próximas da entrada do estabelecimento. A legislação municipal prevê número certo de vagas preferenciais baseado na quantidade total de veículos que o estacionamento abrigar. Os espaços devem ser sinalizados conforme instruções da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Filas – A fila não organizada pode constituir uma barreira ao fluxo de pessoas no supermercado na parte próxima aos caixas. O lugar preferencial deve estar sinalizado para que a pessoa saiba onde aguardar.
Piso – Nas áreas externas, o ideal é evitar pisos irregulares (pedra portuguesa, lastro de brita) e com desníveis. O piso também não deve ser liso, mas sim ter um grau de atrito. A irregularidade do piso aumenta a dificuldade de acesso.
Prateleiras – Podem possuir produtos em diferentes alturas. Colocar os preços das mercadorias e as informações com letras em alto contraste com o fundo. As prateleiras podem ter espaço entre si de modo a permitir a passagem confortável de pelo menos dois carrinhos de compras ou duas cadeiras de rodas. Além do que, é necessária uma distância maior para apreciação visual dos produtos.
Banheiros – O ideal é que o supermercado possua banheiros masculinos, femininos e pelo menos um especial (masculino/feminino) para portadores de deficiência. O tamanho tem que ser maior para proporcionar a entrada com cadeira de rodas ou de outra pessoa para auxiliar. Deve-se ter pelo menos uma bancada com altura reduzida para pessoas de baixa estatura ou crianças.

domingo, 7 de julho de 2013

Quem inventou a bengala branca?

Iniciando descrição da imagem...Desenho estilizado com a silhueta de um homem estalando os dedos da mão direita. Sob sua cabeça uma lâmpada acesa. Iniciando texto...
A bengala branca é sem dúvida um dos principais meios de
acessibilidade e o mais importante recurso de mobilidade para o
deficiente visual, tornando-o independente e trazendo a segurança
necessária no seu dia a dia.

Em muitos casos o uso da bengala é o resultado de um processo de reabilitação ou habilitação
em instituições especializadas no assunto. Após este processo a bengala
fará parte do deficiente visual como se fosse um membro ou algo
parecido.

Com tanta importância na vida do deficiente visual me pergunto e não é de hoje, quem inventou a bengala branca?
Perguntei aqui e ali e ninguém soube me responder. O meu consolo? Não
ser a única ignorante no assunto. Mas a curiosidade continuou: quem
inventou a bengala? Quem teve a brilhante ideia de usá-la pela primeira
vez? QUEM?

A surpresa da descoberta
Descobri o óbvio, desde sempre, desde os tempos bíblicos a humanidade já usava um bastão, vara, cajado... essas palavras lhe são familiares? É claro que são, quem nunca ouviu falar do cajado de Moisés abrindo o mar para que os judeus escapassem dos egípcios?

A gente só se dá conta de que era uma bengala quando pensa no
assunto, pois ele o usava em suas andanças pelo deserto, inclusive para
pastorear as ovelhas assim como tantos outros que desvendavam os
mistérios de terrenos bem acidentados como os do deserto com o auxílio
de um cajado.

Iniciando descrição da imagem...Ilustração em tons de cinza de Moisés segurando um cajado. Retornando ao texto...
Se pensarmos um pouco mais, nos daremos conta de que reis, papas e imperadores também usavam e usam um cajado, vara, bengala ou cetro,
que fica mais bonitinho, além de lhes conferir realeza e dignidade,
aliás, podemos pensar nisso com mais cuidado, afinal a realeza é para
poucos, mas a dignidade é direito de todos.

Se olharmos historicamente para a humanidade, veremos que em muitos
momentos as pessoas usavam bastões ou varas como um prolongamento do
braço para desse modo desvendar os obstáculos do espaço à sua frente.

Então, voltando à literatura histórica e bíblica há mais de uma
passagem onde se fala do cajado e ela sempre estava nas mãos de homens
mais velhos, logo, homens com alguma dificuldade visual ou física por conta da idade. Em outros registros em gravuras, nota-se o uso de bastões ou cajados por pessoas cegas.

Há registros dando conta de que pessoas cegas também se utilizavam da
companhia de cães, claro que tudo era feito na base da intuição ou
improvisação. Fica claro então, que terrenos inapropriados impunham aos
cegos a companhia de guias videntes ou a reclusão no ambiente do lar
quando não, em depósitos de gente estranha e diferente.

É bom lembrar que esse estigma nos acompanhou até bem pouco tempo,
embora ainda nos dias de hoje não seja incomum encontrar alguém que
tenha ouvido uma dessas frases: "o que esse cego está fazendo na rua?",
ou "devia ficar em casa!". Aposto que alguém conhece alguém que já
ouviu algo semelhante.

Avançando no tempo
Os tempos mudaram as mentalidades também e graças a isso, escolas para cegos foram abertas e a criação do sistema braille
possibilitou a proximidade dos cegos com as letras, a aritmética ou
matemática, a história e todas as ciências, ou seja, os cegos tinham
para onde ir e onde se instruir, o que lhes faltava era um meio bom e
seguro para fazer essa locomoção.

Na primeira metade do século XX, a volta para casa de soldados cegos,
europeus e norte-americanos, depois da primeira e segunda grande
guerra, provocou o desejo de se fazer algo para a inserção desses
soldados na sociedade, logo perceberam que a locomoção segura e
independente seria o primeiro passo nessa direção e a partir dos avanços
das tecnologias e das iniciativas da época, a história individual e
social da vida dos deficientes visuais mudou radicalmente.

Avanços que mudaram a história dos deficientes visuais até aquele momento
1784 – a criação de escola para cegos, iniciada por Valentin Haüy;
1825 – invenção do Sistema Braille por Louis Braille;
1930 – primeira providência no sentido de serem
usadas bengalas brancas com extremidade inferior vermelha, para
identificar seu portador, suscitar eventuais ajudas pelos pedestres
videntes e alertar os condutores de veículos, foi de George Benham,
presidente do Lion's Club do estado de Illinois, Estados Unidos;
1930 – o Lions Club Peoria Illinois (EUA),
apresentou uma proposta de lei que após ser aprovada foi chamada Lei da
Bengala Branca. Dava prioridade no trânsito ao deficiente visual que
portasse uma bengala branca;
1940 – o norte-americano, Dr. Richard Hoover
(1915-1986), professor especializado no ensino de cegos, engajado na
reabilitação de militares deficientes, desenvolveu técnicas específicas
de locomoção e criou um modelo padronizado de bengala longa, hoje
universalmente adotados;
1970 – foi instituído o dia Internacional da
Bengala Branca de Segurança ("International White Cane Safety Day"), sob
iniciativa da Federação Internacional dos Cegos ("International
Federation of the Blind"), em Paris. Muitos países comemoram esta data
como meio de divulgar as conquistas das pessoas cegas no exercício de
seu direito de locomoção em espaços sejam eles públicos ou privados;
1964 – a Federação Nacional dos Cegos dos Estados
Unidos ("National Federation of the Blind" -- NFB), sob a liderança de
seu presidente, Dr. Jacobus tenBroek (1911-1968), em campanha nacional,
obteve do Congresso norte-americano, a Resolução HR 753, que autoriza o
Presidente dos Estados Unidos a proclamar anualmente o dia 15 de outubro
como o "Dia da Bengala Branca de Segurança", cujo primeiro ato foi
assinado em outubro daquele ano pelo presidente Lyndon Johnson.
O Dr. tenBroek, cego desde tenra idade, brilhante professor
universitário, elaborou um modelo de lei sobre a Bengala Branca, que em
seu primeiro artigo estabelece:
"É política deste Estado
estimular e capacitar os cegos, os deficientes da visão e os deficientes
físicos a participar plenamente da vida social e econômica do Estado e
serem aproveitados em atividades remuneradas".

Essa é a realidade dos norte-americanos, pelo menos em tese, não
conhecemos a realidade deles de fato, mas sabemos que no Brasil, com
exceção dos que ainda têm vergonha, a vergonha faz parte do processo de
muitos assim como outros motivos, veja o que a Marly Solanowski nos conta em seu depoimento que é bem interessante, a bengala é amplamente usada pelos deficientes visuais.

Brasileiro cria bengala eletrônica

Brasileiro cria bengala eletrônica de baixo custo para deficientes visuais
Estudante inventou protótipo para trabalho de conclusão de curso.
Dois sensores vibram quando há obstáculos acima ou abaixo da cintura.

Guimarães criou o protótipo da bengala para seu
trabalho de conclusão de curso (Foto: Divulgação)
O estudante universitário Carlos Solon Guimarães criou um protótipo de bengala eletrônica de baixo custo com dois sensores que avisa o deficiente visual quando há algum obstáculo a um metro de distância. Cada um dos sensores – o mesmo usado em celulares – é programado para vibrar quando há um objeto acima ou abaixo da cintura.

“Quando ambos balançam quer dizer que o obstáculo é grande”, explica Guimarães, que criou o protótipo para o seu trabalho de conclusão no curso de Ciência da Computação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), no Rio Grande do Sul.

Nos Estados Unidos, já existe uma versão de bengala eletrônica vendida por US$ 1,4 mil. No Brasil, outro estudante criou um aparelho parecido, mas que conta apenas com um sensor e sai por R$ 500. “Só a parte eletrônica do meu protótipo, com componentes comprados no Brasil, custa R$ 225, sem contar a bengala”, diz Guimarães, que uso apenas softwares e hardwares de código aberto, ou seja, que qualquer pessoa pode usar e alterar sem pagar nada.

“A bengala foi feita com equipamentos de baixo custo. Isso não quer dizer que ele usou lixo eletrônico. Ele apenas aproveitou tecnologias abertas para fazer a bengala”, explica o professor Carlos Oberdan Rolim, corientador do aluno.
A ideia de Guimarães surgiu por meio de projetos da universidade que buscam alternativas para deficientes visuais. “Ele viu a possibilidade de desenvolver um projeto para que os deficientes não precisem mais ficar cutucando o solo para saber onde estão”, completa o professor.

Como a formatura de Guimarães está marcada para dezembro, ele ainda pretende melhorar o protótipo e estuda como a bengala será colocada no mercado. “Ainda não sei se será uma bengala fixa ao sensor ou adaptada. Espero conseguir investidores e vendê-la por, no máximo, R$ 300”, diz o estudante.

“O trabalho ainda não foi concluído, mas está bem adiantado. A ideia é ter uma bengala realmente formada. O protótipo é feito com canos PVC, por exemplo. Também pensamos em, no futuro, criar um kit para que o deficiente conecte os sensores a sua bengala”, explica o professor Rolim.

terça-feira, 2 de julho de 2013

A bengala como símbolo e auxiliar

Já na Antiguidade as pessoas cegas usavam a bengala como auxiliar de orientação e como apoio. Por isso ela em breve se tornou uma espécie de braço prolongado do não-vidente. Quando o trânsito automóvel começou a constituir um perigo para este, a bengala teve de se transformar num sinal: «Cuidado! Vem aí alguém que não te vê!»
E para que o cego pudesse ser notado a tempo, era preciso começar por tornar a bengala mais visível: passou a ser branca. Quem teve essa ideia de longo alcance foi a condessa Guilly Herbemont, que em 1931 perante entidades públicas em Paris presenteou pessoas cegas com 100 bengalas brancas. A bengala branca transformou-se no distintivo dos cegos, não tardando a assumir a função de sinal de trânsito protector para maior segurança destes enquanto peões.

Do bastão à bengala comprida
O bastão não passou ainda totalmente de moda, uma vez que as pessoas idosas precisam dele para se apoiarem enquanto caminham. Também a bengala branca curta ainda tem amigos entre os cegos e os grandes deficientes visuais, mas em geral só se tira do bolso em situações críticas ou como distintivo.
O verdadeiro auxiliar da mobilidade é a bengala branca comprida. O seu comprimento depende da altura do utilizador: assente verticalmente no chão, deve dar-lhe aproximadamente pelo esterno. Durante a marcha é segura inclinada para baixo à frente do corpo, a fim de tactear o caminho. Movimentando-a como um pêndulo para a esquerda e para a direita o seu utilizador dá sempre o passo seguinte com segurança.
No entanto, a marcha com este «detector de obstáculos» tem de ser bem aprendida e treinada. Há quase 40 anos que os cegos e amblíopes podem frequentar aulas de orientação e mobilidade, ministradas por técnicos de reabilitação com formação específica.

Nem só a bengala facilita a mobilidade
O grau de autonomia que a pessoa cega ou amblíope precisa adquirir, bem como as suas capacidades e aptidões pessoais, determinam o programa do curso. Assim, enquanto a um sujeito basta orientar-se dentro da própria casa, outro tem de usar a bengala para ir às compras ou para atravessar cruzamentos movimentados em grandes cidades. Em todos estes casos é importante manusear a bengala de harmonia com a situação e com segurança. Se o reabilitando não possuir conhecimentos prévios suficientes sobre a arquitectura da cidade e a estrutura do trânsito, eles têm de lhe ser transmitidos, pois só assim chegará a uma mobilidade confiante e eficiente com atitudes adequadas.
Para que este objectivo seja atingido, o ensino é sempre individual. Comporta em regra cerca de 100 aulas. Factores como a idade, a experiência prévia, o tipo da deficiência (cegueira congénita ou tardia, total ou baixa visão), a necessidade, a constituição psíquica e física, a actividade profissional e muitos outros podem alterar o número de aulas para mais ou para menos. A par das diversas técnicas de bengala são ensinados requisitos básicos para a mobilidade, a saber: percepção do corpo, noção de tempo, concepção espacial (elaboração de um «mapa mental»), bem como o relacionamento com os demais transeuntes, designadamente como pedir informações.
Quando falta o sentido da visão, urge estimular de forma especial os outros sentidos, pois mesmo sem a possibilidade de ver tem de ser percepcionado e correctamente interpretado o maior número possível de informações do ambiente circundante a fim de, a partir daí, ser estudado o modo como o cego ou deficiente visual deve agir enquanto transeunte, de acordo com a situação.

Bengala e concentração
Ao atravessar uma rua, por exemplo, as pessoas cegas e de visão reduzida têm de se concentrar imenso para poderem perceber e avaliar a situação do trânsito através dos sons. Ruídos diversos vindos de várias direcções e transeuntes «silenciosos» como ciclistas e «skaters» tornam-lhes ainda mais difícil adquirir a necessária segurança para atravessar a faixa de rodagem. Muitos deficientes visuais assinalam esta fase da espera puxando a bengala para si ou colocando-a direita à sua frente.
A introdução de semáforos sonoros veio facilitar muito a travessia das ruas: o cego pode reconhecer com precisão e clareza quando está verde para peões. Na ausência destes semáforos ele é forçado a deduzir essa informação com base no fluir do trânsito. Mesmo quando guiado pelo seu cão tem de lhe dar sinal para atravessar, pois os cães são cegos a cores e portanto não reconhecem o sinal verde.

Bengala com pilhas ou um auxiliar de quatro patas?
Existem diversas saídas para compensar os inconvenientes da bengala. O maior de todos é que com ela o cego não se apercebe de obstáculos situados à altura da cabeça. Existem diversos aparelhos electrónicos acessórios que detectam e indicam esse tipo de obstáculos, quer emitindo sons, quer vibrando. Mas devem ser vistos sempre apenas como complementos, e não como substitutos, da bengala. O mesmo não pode dizer-se, porém, do auxiliar de quatro patas. Após uma aprendizagem minuciosa seguida de treino com os futuros donos, os cães-guia para cegos levam-nos com segurança por entre o trânsito citadino, contornando obstáculos, indicando-lhes a berma do passeio e facilitando-lhes a travessia tantas vezes perigosa das ruas. Não é indispensável usarem também a bengala, embora essa prática seja recomendável.

Bengala e leitura do jornal
A lei define como cego não só aquele que não vê absolutamente nada, mas também toda a pessoa cuja acuidade visual no melhor olho não vai além dos 2% ou cujo campo de visão está reduzido a 5 graus ou menos (a chamada visão tubular). Considera-se de baixa visão toda a pessoa que no melhor olho vê no máximo 0,05 - isto é 5%.
Pode perfeitamente acontecer que um indivíduo que tenha um campo de visão pequeníssimo ou que sofra de cegueira nocturna seja incapaz de se orientar sozinho quando anda na rua sem bengala, e contudo consiga ler letras grandes de jornal dentro do seu raio de visão.

Ajudar ou não ajudar?
As pessoas cegas e de visão reduzida que viajam sem acompanhante desembaraçam-se geralmente sozinhas. Em situações difíceis, porém, aceitarão de bom grado ofertas de ajuda - por exemplo quando querem atravessar ruas, apanhar meios de transporte, em estações dos caminhos de ferro ou em pavimentos onde decorrem obras.
A pergunta «Quer ajuda?» nunca é incorrecta. Pelo contrário, qualquer cego ou amblíope ficará confuso e descontente se o atravessarem pegando-lhe pelo braço e puxando-o, sem uma palavra. Conta-se que por causa deste procedimento já houve quem fosse metido num eléctrico em que não queria viajar.

Efeméride
Em 15 de Outubro comemora-se em todo o mundo o dia da bengala branca. Em 1964 Johnson, então presidente dos Estados Unidos, entregou bengalas brancas a pessoas cegas. Foi o começo simbólico da aprendizagem sistemática de orientação e mobilidade por parte destas pessoas.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

História dos Cães-guia

O primeiro relacionamento especial entre um cão e uma pessoa cega é perdido nas névoas do tempo, mas talvez, o exemplo mais novo é descrito em um anúncio de mural no primeiro-século, nas ruínas enterradas de Roman Herculaneum. Também desde a Idade Média, uma chapa de madeira sobrevive mostrando um cão que conduz um homem cego com uma coleira. Entretanto, a primeira tentativa sistemática de treinar cães para ajudar a povos cegos veio ao redor de 1780 no hospital para cegos “Les Quinze-Vingts”, em Paris. Pouco depois, em 1788, Josef Riesinger, um fabricante cego de Viena, treinou um spitz tão bem que as pessoas freqüentemente duvidavam de que ele era cego. Então, em 1819, Johann Wilhelm Klein, fundador de um instituto de educação para pessoas cegas (Blinden-Erziehungs-Institut) em Viena, mencionou o conceito do cão guia em seu livro para educar pessoas cegas (der Blinden de Unterricht do zum de Lehrbuch). Infelizmente, não existe nenhum registro de suas idéias, e nem mesmo de que tenham sido realizadas. Não obstante, um homem suíço, Jakob Birrer, escreveu em 1847 sobre suas experiências de ser guiado sobre um período de cinco anos por um cão que ele mesmo tinha especialmente treinado. A história moderna do cão-guia, entretanto, começa durante a primeira guerra mundial, quando milhares de soldados estavam retornando cegos, devido a gases venenosos. Um doutor alemão, Dr. Gerhard Stalling, teve a idéia de treinar cães em massa para ajudar àqueles afetados. Um dia, quando andava com um paciente pelo hospital, ele foi chamado urgentemente, deixando o seu cão na companhia do paciente. Quando retornou, ele teve a impressão distinta da maneira que o cão se comportava e como olhava o paciente cego. O Dr. Stalling começou explorar as maneiras de treinar cães para transformar estes em guias de confiança. Em agosto de 1916, foi aberta a primeira escola de cães-guia do mundo para cegos em Oldenburg. A escola cresceu e novas filiais foram abertas em Bona, Breslau, Dresden, Essen, Freiburg, Hamburgo, Magdeburg, Münster e Hannover, resultando em até 600 cães treinados por ano. De acordo com alguns clientes, estas escolas forneceram cães não somente aos ex-militares, mas também às pessoas cegas da Grã Bretanha, França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Canadá e União Soviética. Tristemente, o empreendimento teve que fechar em 1926, mas por esse tempo um outro grande centro de treinamento de cães-guia tinha sido aberto em Potsdam, perto de Berlim, e estava provando ser altamente bem sucedido. Seu trabalho quebrou o novo campo de treinamento de cães-guia, era capaz de acomodar mais ou menos 100 cães de cada vez, e fornecia até 12 treinamentos completos a cães-guia por mês. Em seus primeiros 18 anos, a escola treinou mais de 2.500 cães, com uma taxa da rejeição de apenas 6%. Em torno deste tempo, uma milionária americana, Dorothy Harrison Eustis, já treinava cães para o exército, polícias e serviço aos consumidores na Suíça. Era a energia e a perícia de Dorothy Eustis que estava lançando o Movimento Internacional do Cão-Guia. Quando ouviu sobre o centro de Potsdam, Eustis estava curiosa para estudar seus métodos, e gastava diversos meses lá. Ela voltou tão impressionada que escreveu um artigo sobre o assunto para o The Saturday Evening Post na América, em Outubro 1927. Um americano cego chamado Frank Morris ouviu sobre o artigo e comprou uma cópia da revista. Ele disse mais tarde, que pelos cinco centavos pagos, "comprei um artigo que valeu mais do que um milhão dólares para mim. Isto mudou minha vida". Ele escreveu para Eustis, dizendo lhe que gostaria muito de ajudá-la a introduzir cães-guia nos Estados unidos. Aceitando o desafio, Dorothy Eustis treinou um cão, Buddy, e trouxe Frank para Suíça para aprender como trabalhar com ele. Frank voltou para os Estados Unidos acreditando ser o primeiro cão-guia da América. O sucesso desta experiência incentivou Eustis a abrir suas próprias escolas de cão-guia em Vevey na Suíça em 1928 e pouco depois nos Estados Unidos. Chamou-os "L’Oeil qui Voit", ou "The Seeing Eye" (o nome vem do Velho Testamento da Bíblia- "O ouvido que ouve, e o olho que vê", Provérbios, XX, 12), e esta foi a primeira escola de cães-guia da modernidade”. Em 1930, duas mulheres Britânicas, Muriel Crooke e Rosamund Bond, ouviram sobre "The Seeing Eye" e entraram em contato com Dorothy Eustis, que as enviou um de seus instrutores. Em 1931, os primeiros quatro cães-guia britânicos terminaram seu treinamento e três anos mais tarde a associação de cães-guia para cegos foi fundada: The Guide Dogs for the Blind Association. Desde então, estão sendo abertas escolas de cães-guia em toda parte do mundo, e mais escolas abrem suas portas a cada década. Milhares de pessoas tiveram suas vidas transformadas pelos cães-guia e pelas organizações que os fornecem. O compromisso das pessoas que trabalham para estas organizações é hoje tão profundo quanto era antigamente, e os herdeiros da herança de Dorothy Eustis continuam a trabalhar para aumentar a mobilidade, a dignidade e a independência de pessoas cegas no mundo. O movimento continua. Edward, um cão da raça labrador de oito anos, passou de cão-guia a "cliente" de um de seus colegas. O animal, que vive na Inglaterra, perdeu a visão dos dois olhos após passar por uma cirurgia de catarata. Agora, ele precisa da ajuda de Opala - uma cadela da mesma raça treinada para acompanhar cegos - para passear por aí. De acordo com o jornal The Sun, na época em que soube sobre a cegueira do pet, Waspe Graham ficou completamente arrasado. Afinal, como faria sem a ajuda do seu fiel companheiro? Felizmente, logo surgiu uma solução surpreendente: Opala, que se tornou guia não somente de Graham (também deficiente visual), mas também de seu amigo canino, Edward. Em entrevista para o tabloide inglês, Sandra Graham, mulher de Waspe, afirmou que o convívio entre os dois cachorros é muito amistoso. Mas o maior vencedor nessa história é o casal, que ganhou amizade e companheirismo em dose dupla.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Testemunho de uma mulher cega guerreira que luta em favor das pessoas com deficiência uma guerreira

Uma guerreira... Ethel Rosenfeld Assim pode ser definida essa que é uma das mais conhecidas e respeitadas figuras do movimento da pessoa com deficiência em nosso País. Com 13 anos de idade, ela teve um diagnóstico de tumor cerebral, mas na hora da operação, os médicos perceberam que não era maciço e optaram por fazer uma punção. O procedimento tocou o nervo ótico e a deixou cega. Além de ter ficado com sério comprometimento motor. Os movimentos ela recuperou com o tempo, mas não a visão, o que a fez dedicar toda sua vida à luta em favor das pessoas com deficiência. "Aos 17 anos quando percebi que apesar de ter ficado cega, eu era uma pessoa privilegiada que continuava tendo tudo que precisava, principalmente o convívio com minha família e amigos, prometi a mim mesma que dedicaria minha vida à causa das pessoas cegas. Especializei-me em educação de pessoas com deficiência visual e Cheguei à universidade, onde cursei Português - Inglês. Concluído o curso universitário, em 1973 alcancei mais uma vitória: fui a primeira professora cega a ingressar no magistério público do antigo Estado da Guanabara. Trabalhei junto à Secretaria Municipal de Educação, Instituto Helena Antipoff, por 15 anos. Em 1987 pedi transferência para a Secretaria Municipal de Saúde, Instituto Municipal de Medicina Física e Reabilitação Motora Oscar Clark, onde trabalhei 12 anos. Por fim, fui convidada para trabalhar na Fundação Municipal Francisco de Paula, FUNLAR-Rio hoje, Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Na fundação não mais trabalhei com pessoas com deficiência, mudei meu foco e comecei a trabalhar com todas as pessoas, objetivando um melhor relacionamento entre pessoas com e sem deficiência". Hoje, aos 66 anos, Ethel está aposentada, mas continua muito ativa. Agora mesmo trabalha na organização do XV Encontro Brasileiro de Usuários de Dosvox (sistema que permite o uso de um microcomputador comum por pessoas cegas, possibilitando o desempenho de uma série de tarefas), que será realizado em 07 e 08 de setembro próximo, no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e mora até hoje. Além disso, desenvolve o projeto de sensibilização "Buscando um Mundo Melhor para Todos", de conscientização da sociedade, em que faz palestras para diferentes públicos. Considerada uma das principais educadoras na área da deficiência visual, foi a primeira professora cega a ingressar no magistério público do antigo Estado da Guanabara. Trabalhou junto à Secretaria Municipal de Educação, Instituto Helena Antipoff, por 15 anos. Em 1987, foi para a Secretaria Municipal de Saúde, Instituto Municipal de Medicina Física e Reabilitação Motora Oscar Clark, onde ficou por 12 anos. Depois foi convidada para trabalhar na Fundação Municipal Francisco de Paula, FUNLAR-Rio, hoje, Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Ethel sempre esteve presente em manifestações e movimentos em favor da causa. Entre outras atividades, participou do Grupo Nacional de Trabalho que elaborou os artigos que garantem os direitos das pessoas com deficiência nas Constituições Federal, Estadual e na Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro. Integrou ainda o grupo de estudos e redação da Política Nacional de Educação Especial e da Política Nacional de Reabilitação, trabalhos promovidos pela Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), hoje Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Ethel Rosenfeld - Nessa altura eu estava estudando no Instituto Benjamim Constant, escola especializada para pessoas cegas, já que tudo tinha mudado radicalmente em minha vida. Lá tem uma escadaria para ir às salas de aula. Um dia, quando ia subindo a escada, de repente, me bateu um insight: eu era privilegiada, tinha tudo, pai, mãe, irmãos, uma vida social normal. Fiz um juramento naquele momento: "vou dedicar minha vida a essas pessoas". Eu também era uma cega, mas me considerava diferente por ter tudo, inclusive uma condição social e escolaridade melhores. Aí começou meu desejo de ajudar as pessoas cegas

Miss Brasil Deficiente Visual é da Pátria Gaúcha

Mais uma vez a maioria das notícias na mídia descriminam e não mostram que não precisa ter olhos para ser bela, pois no sábado, dia 23 de julho, enquanto as lentes estavam voltadas para a Miss Brasil. Pois no mesmo dia, outra gaúcha, Giselle Guimarães Hübbe, em Natal, Rio Grande do Norte, vencia o Primeiro Concurso de Miss Brasil Deficiente Visual. Aos 21 anos, a Giselle recebeu coroa, manto e faixa comprovando, ano após ano, a beleza de nossas mulheres sulinas já reconhecida mundo afora. Em entrevista ao jornalista Guilherme Mazui, do jornal Zero Hora, Giselle, morena, de 50 quilos bem distribuídos em 1m62cm, diz que nasceu com uma lesão na retina, que a deixou com 7% de visão no olho direito e cerca de 3% no olho esquerdo. Bonita, dona de um sorriso largo, a mais bela pessoa com deficiência visual no país, abre e fecha portas com segurança, pega ônibus para ir ao trabalho, concluiu o ensino médio, gosta de cavalgar e de música eletrônica.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Inclusão escolar do aluno com deficiência visual

Introdução Atualmente um dos maiores desafios na área educacional é encontrar estratégias metodológicas para resolver questões relacionadas à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Sendo assim, a partir da definição de Educação Especial, como modalidade de educação escolar, conforme especificado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Brasil, 1996), torna-se significativo uma reflexão da atuação do professor enquanto profissional mediador, informador e formador do processo educacional do aluno com necessidades educacionais especiais. As escolas devem construir uma estrutura interna que possa atender os alunos com necessidades especiais adequadamente, conforme preconizado pela LBD, o modelo de inclusão prioriza que o atendimento às necessidades pedagógicas de todos os alunos se faça no mesmo contexto, com adaptações necessárias e que a aprendizagem desses alunos não dependa unicamente de um programa de ensino adequado, mas também da disponibilidade de recursos pedagógicos e mobiliários adaptados (MELLO; MANZINI, 2003). Considerando o atual contexto sócio-educacional brasileiro, em que a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em classes de ensino regular tem sido exigida e legitimada por políticas públicas nacionais e internacionais, a formação dos profissionais da educação e, mais especificamente da Educação Especial, tem sido uma questão importante que permeia os debates sobre inclusão. Nesse contexto, é evidente e urgente que a prática pedagógica seja colocada como ponto de reflexão por parte dos pais, alunos e, sobretudo, professores, a fim de que o paradigma da inclusão possa ser concretizado. Ainda que a inclusão da criança com necessidades especiais esteja sendo discutida em uma diversidade de contextos (PEREIRA-SILVA; DESSEN, 2007; FONSECA; CUNHA, 2003), a escola pode ser considerada como o melhor local para promover a inclusão social e educacional destas crianças. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), considera alunos com necessidades especiais aqueles que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringidas sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. O documento destaca que as definições do público alvo devem ser contextualizadas e não se esgotam na mera categorização e especificações atribuídas a um quadro de deficiência, transtornos, distúrbios e aptidões. Considera-se que as pessoas se modificam continuamente transformando o contexto no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuação pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, enfatizando a importância de ambientes heterogêneos que promovam a aprendizagem de todos os alunos. É sabido que cada deficiência tem sua especificidade, sendo assim estratégias utilizadas com alunos com deficiência visual são diferentes das utilizadas com outras deficiências. Com isso, estudos devem ser feitos nas diferentes áreas de intervenção junto a alunos com necessidades educacionais especiais e professores no contexto escolar. Especificamente na área de Educação Física, estratégias devem ser discutidas, descobertas, reelaboradas objetivando uma intervenção efetiva na aceitação e participação dos alunos com necessidades educacionais especiais nas aulas de Educação Física. Entretanto, para que a criança com necessidades educacionais especiais seja verdadeiramente incluída na Educação Física, não basta estar no mesmo espaço físico ou participar de algumas atividades, mas ela deve fazer parte do grupo e participar de todas as atividades desenvolvidas durante a aula, mesmo que necessite de ajuda e apoio do professor e/ou dos colegas. Porém este apoio, não deve fazer do aluno uma pessoa dependente da outra todo tempo, ao contrário, deve gradativamente dar-lhe condições de ser mais independente possível, caso isso não ocorra, este apoio ao invés de contribuir, tende a dificultar o processo de inclusão e de autonomia do aluno com deficiência visual. Em meio a essas mudanças no contexto educacional, onde o aluno com deficiência visual frequenta a escola regular, o estudo voltasse na tentativa de responder algumas questões: as aulas de Educação Física no ensino regular estão favorecendo ou não a inclusão destes alunos? As intervenções/adaptações utilizadas pelo professor permitem que o aluno alcance os objetivos das aulas? Nos momentos de dificuldade, quem auxilia o aluno? Considerando essas questões e a crescente importância do tema exposto, este estudo se justifica pela necessidade de observar como a Educação Física vem sendo trabalhada junto ao aluno com deficiência visual na escola regular, na tentativa de identificar se ela esta favorecendo ou não a inclusão desse aluno, bem como, levantar/apresentar possíveis estratégias utilizadas nas aulas pelo professor de Educação Física que tem este aluno incluído. Com isso, o presente estudo tem como objetivos: identificar como a aula de Educação Física vem sendo desenvolvida no ensino regular para inclusão de alunos com deficiência visual; levantar se as atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física favorecem ou não a inclusão de alunos com deficiência visual e como acontece o auxílio a este aluno.